sábado, 10 de abril de 2010

(2010/007) Terceira reação ao 2010/002 do Daniel


1. "A micro-história então é precisamente a reação ao que os estruturalistas pretendiam levar a cabo, reduzir todo conhecimento histórico ao nível da narrativa". Esta é uma "descrição" da teleologia estruturalista a que ainda não havia prestado (suficiente) atenção. Mais uma vez, meu amigo, gostaria de saber por que caminhos você chegou a essa intuição: a) é sua, e, se é, como a engendrou?, b) é de terceiro?, de quem, então?

2. É muito interessante. Eu perseguia - sempre contrariamente a ela, claro - a teleologia "desumanizante" do estruturalismo. No fundo, é o que me faz ter "bronca" com o "segundo" Heidegger (Linguagem) e com (alguma coisa ainda não muito precisamente paupável em) Gadamer (Tradição). Penso que, de certo modo, o Estruturaismo é o Calvinismo secularizado: o "sistema" acima do indivíduo, sobredeterinando o indivíduo. Assim como a Razão tornou-se deusa na retórica imperialista napoleônica (José Carlos Reis), a Estrutura tornou-se deusa na retórica estruturalista do século XX, que, a meu ver, passou agradecidamente pela reflexão filosófica do segundo Heidegger, ainda que se tenha consubstanciado mais numa Antropologia engajada.

3. Talvez a relação Estruturalismo - Narrativa advenha da "moderna" narratologia, e esse choque de "modernidade" desemboque na História-como-narrativa. Tenho tanta aversão - é psicossomático! - à tese da História-como-narrativa que, inadvertidamente, em concurso público para a cátedra de Teoria da História, pronunciei-me criticamente em relação a ela. Certamente foi mais minha inexperiência em História do que minha honestidade epistemológica que me levaram ao fracasso ali... Seja como for, penso que, no campo da História, Relações de Força constitua um golpe de morte na retórica estruturalista. "A fuga da história também se explica historicamente"... Bravo!, Ginzburg...


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Nenhum comentário:

Postar um comentário